30/09/09
Matar o sonho
29/09/09
O Homem e os Aviões
25/09/09
Estágios são forma de escravatura
Para Natália Alves, socióloga e professora auxiliar na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, concluir um curso como o de Direito, que até há pouco tempo era de cinco anos, "e ainda ter mais dois anos em que se trabalha a custo zero" leva os jovens "a protelarem os seus projectos de vida".
"É, de alguma forma, manter a vida em suspenso", assinalou, considerando que não pagar aos estagiários sob o pretexto de que estão num contexto de formação "é uma exploração da mão-de-obra", pois, no caso do Direito, "se é certo que eles não são tão produtivos como um advogado com experiência, a verdade é que eles produzem".
Natália Alves, que lecciona e investiga nas áreas de Sociologia da Educação e Formação de Adultos, opõe-se também ao argumento de que a entidade que acolhe os estagiários "lhes está a fazer um favor" por estes necessitarem do estágio para exercerem profissões regulamentadas como Advocacia, Arquitectura, Engenharia, Jornalismo.
"Por mais desqualificadas que sejam as funções, o facto é que eles estão realmente a trabalhar", destacou, lamentando que muitos estagiários fiquem "completamente enredados numa teia da qual se torna difícil sair".
Membro da unidade de Investigação e Desenvolvimento de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, Natália Alves questionou ainda o facto de - como sucede em algumas sociedades de advogados - 15 licenciados estarem a estagiar em simultâneo.
"O estágio é suposto ser um período de formação e uma sociedade [de advogados] que tem 15 licenciados ao mesmo tempo é duvidoso que consiga assegurar a qualidade da formação", sublinhou a socióloga.
"A palavra exploração, com todo o seu sentido e significado, é a que melhor se adequa a estas situações. É uma exploração de colarinho branco e nem mesmo me repugna o uso do termo escravatura", concluiu.
Também Elísio Estanque, investigador do Centro de Estudos Sociais, laboratório associado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, se afirmou apreensivo com a condição dos estagiários.
Para o investigador, esta situação "insere-se no problema mais geral da precariedade crescente no mercado de trabalho" e é "o reflexo de culturas de prepotência e de abuso de poder".
Em declarações à Lusa, Elísio Estanque assinalou que a utilização abusiva de um período que devia ser de formação pode estar também relacionada com "clivagens entre 'status' académicos de grande valor simbólico - o dos estagiários - e baixas qualificações/formação de chefias e sectores ainda relativamente estáveis".
"Isso faz com que se descarregue alguma frustração sobre o jovem estagiário e inexperiente", afirmou.
O estagiário, por ser "aquele que mais precisa dessa pequena experiência - mesmo sendo frustrante - para acrescentar uma linha ao currículo que pode dar acesso ao tão sonhado emprego", acaba por ser "o elo mais fraco", na opinião do sociólogo, que coordenou o programa de doutoramento em Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo.
Elísio Estanque considera que, "num cenário de incerteza e de pessimismo face ao futuro, as empresas tentam proteger-se aproveitando os recursos mais à mão e menos dispendiosos" mas essa situação é passível de gerar "insatisfação, mal-estar e desmotivação pelo trabalho, acentuando o pessimismo e também o individualismo negativo suportado por sentimentos de ansiedade e de medo".
"Se a aposta na formação e qualificação dos portugueses vier a ser levada a sério, é necessário que isso se conjugue com boas práticas na liderança das instituições/empresas e que estas passem a orientar-se para proporcionar aos empregados e também aos recém-formados (estagiários) o acesso a uma efectiva estabilidade e oportunidade de carreira perante o mérito e a competência demonstradas", declarou.
Lembrando que "o acesso ao emprego e o exercício profissional continuam a ser o eixo principal de conquista de respeito e dignidade social, além do meio insubstituível para garantir subsistência e autonomia económica", o investigador apontou a existência de novas formas de "servilismo e dependências laborais".
O problema atinge "um amplo leque de situações e categorias sócio-profissionais" e, "se não for travado e interdito rapidamente, pode redundar em novas formas de rebelião e revoltas de consequências imprevisíveis", antevê.
"Em termos políticos, tais situações põem em risco a consolidação da cidadania, o que, aliás, vem acontecendo, levando as camadas mais jovens ao desinteresse pela vida cívica e política", rematou.
23/09/09
Toca a Aproveitar...
22/09/09
Coisas que gosto...
17/09/09
Premonições
Estive ontem a ver este filme, como estou em fase de espera não tenho tido muito que fazer... Pois bem, adorei o filme, raramente choro com filmes mas este fez-me limpar um pouco os olhitos. E depois deu-me para ter pesadelos, fiquei a pensar no sentido que tem a vida e a importancia a que dá-mos às coisas, ou a falta dela...
16/09/09
Burrice ou Inteligência?
14/09/09
Esmalte dos dentes inspira novos materiais para indústria aeroespacial
Você já deve ter ouvido falar que o esmalte dos dentes é a parte mais dura do corpo humano. Contudo, do ponto de vista da sua composição, o esmalte é uma espécie de cerâmica mineral que não é mais dura do que um vidro comum.
Se o segredo da sua resistência estivesse unicamente na sua composição mineral, não seria necessário morder uma castanha para que o esmalte se quebrasse inteiramente.
Mas isto não acontece e a razão pela qual o dente suporta quantidades gigantescas de pressão tem sido um mistério para os cientistas.
Estrutura dos dentes
Agora, um grupo internacional de pesquisadores utilizou ferramentas sofisticadas de imageamento e testes exaustivos com dentes extraídos de pacientes para tentar desvendar a estrutura cristalográfica do esmalte dos dentes - a forma como suas moléculas se organizam para suportar enormes pressões, em busca de uma resposta para esse mistério. E a busca parece ter sido frutífera.
A resposta está na estrutura altamente sofisticada dos dentes, que é a responsável por mantê-los íntegros. "Os dentes são feitos de um material compósito extremamente sofisticado que reage de forma extraordinária quando submetido a fortes pressões," explica o professor Herzl Chai, principal autor do estudo.
Fibras sintéticas
Uma curiosidade é que o professor Chai não é dentista - ele é engenheiro aeronáutico. E ele tampouco começou a pesquisar o esmalte dos dentes por acaso - seu interesse está no desenvolvimento de materiais que sejam mais leves e mais resistentes, superiores aos compósitos e fibras de carbono atualmente utilizados nos aviões mais modernos.
A indústria aeroespacial e automotiva usa materiais sofisticados para suportar grandes pressões e evitar que as peças se quebrem sob impacto. Por exemplo, os aviões mais modernos estão sendo fabricados com materiais compósitos formados pela justaposição de camadas de fibras de vidro e fibras de carbono, coladas por uma resina.
Apesar do apelo high-tech desses aviões e da estrutura dos carros de Fórmula 1, esses materiais de última geração não se comparam com o esmalte dos nossos dentes quando o assunto é a resistência. Mas os resultados da pesquisa do grupo do professor Chai poderão ajudar a diminuir a distância que os separa.
Tecido em forma de onda
Nos dentes, as "fibras" não são dispostas na forma de uma rede, como nos compósitos de fibra de carbono - elas são tecidas na forma de ondas. Há hierarquias de fibras e matrizes arranjadas em diversas camadas, ao contrário das camadas de espessura fixa dos compósitos usados nos carros e nos aviões.
Quando é submetida à pressão mecânica, essa arquitetura ondulada não oferece um caminho óbvio para que o estresse se espalhe, o que resultaria na sua quebra imediata naquela direção. Em vez disso, o estresse se espalha de forma mais ou menos aleatória, criando microfissuras que absorvem a pressão em conjunto, evitando rachaduras maiores e quebras.
Os pesquisadores afirmam que, ao desvendar essa estrutura, assim como entender o seu funcionamento, eles agora terão condições de projetar materiais sintéticos muito mais resistentes do que os atuais, incluindo compósitos para uso aeronáutico, que serão mais resistentes e poderão ainda mais leves do que os atuais.
Autocicatrizante
O dente tem uma vantagem adicional difícil de equiparar: ele é capaz de se recuperar das microfissuras. Mas os engenheiros estão trabalhando também nesse caminho - outras pesquisas já demonstraram que é possível incluir a autocicatrização até em metais.
Embora a criação de carros e aviões autocicatrizantes seja um objetivo distante no futuro, esta pesquisa permitirá que os engenheiros comecem já a desenvolver materiais significativamente mais resistentes do que os atuais, ainda que não tão duráveis quanto o esmalte dos nossos dentes.
13/09/09
09/09/09
04/09/09
Fico Assim Sem Você...
.
Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola,
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você
.
Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim
.
Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem amasso
Sou eu assim sem você
.
Tô louco pra te ver chegar
Tô louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração
.
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
.
Por quê? Por quê?
.
Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você
.
Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim
.
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
.
Por quê?
.
Boatos da Crise
03/09/09
Apoio... Onde?
Carta bastante optimista... ou não!
Muito obrigado pela tua linda e carinhosa carta. Podes ter a certeza de que eu sei tratar de mim, por isso, não te preocupes comigo. Durante a tua ausência, não se tem passado nada de especial cá em casa.
Enquanto estás fora, tenho preparado o meu próprio almoço, e todos os dias me espanto de como tudo tem saído bem!... Já que estou sempre com pressa, ontem decidi fazer batatas fritas. Já agora, diz-me uma coisa: era preciso descascar as batatas? Enquanto estavam a fritar, aproveitei para ir buscar uns brioches à padaria. Quando voltei, o esmalte da frigideira tinha derretido. Nunca pensei que o estupor da frigideira aguentasse tão pouco. E tu que me dizias que o Teflon aguentava tudo e mais alguma coisa!
Já consegui tirar toda a fuligem da cozinha, mas o nosso gato Fred, é que ficou preto que nem um tição, e agora tosse o dia inteiro... Desde esse dia entra em pânico e foge quando mexo nas panelas ou abro o bico do fogão. Já que pelo menos uma vez por dia preciso de uma refeição mais elaborada, quando estou a fazê-la, o Fred dá 'às de Vila Diogo' e só aparece passadas umas horas ... Diz-me outra coisa: quanto tempo é que é preciso para cozer os ovos? Eu já os pus a ferver há duas horas, mas mesmo assim, continuam duros que nem uma pedra! Também queria que me dissesses se se pode aproveitar leite queimado. Queres que o guarde na despensa até tu voltares?
Na semana passada tive um pequeno contratempo ao cozinhar umas ervilhas. Vou-te contar: agarrei numa lata e decidi aquecê-la. Mas, infelizmente, explodiu dentro do microondas.
A porta do microondas foi projectada para fora da cozinha e foi dar contra a nossa pequena estufa de inverno, que claro, ficou partida, assim como a janela. Como a janela estava fechada (preciso de a fechar antes de começar a cozinhar, senão os bombeiros aparecem outra vez), a porta do microondas arrancou-a também, tal foi a força. Por sua vez, a lata de ervilhas, parecia um foguete a levantar voo!... Atravessou o tecto e foi embater na filha do Freitas, o nosso vizinho de cima. Parece-me que ela ficou bem...
Outra coisa: já te aconteceu a louça suja ficar com mofo? Como é que isto se pode dar em tão pouco tempo? Afinal, tu foste de férias no mês passado, mas parece que foi ontem! Aliás, atrás do lava-louças há montes de bichos; daqui a pouco até vai dar para fazer um documentário e vendê-lo ao 'National Geographic'... De onde é que saíram tantos bichos cheios de pernas? Puseste alguma coisa que não devias lá atrás? Bom, isto acabou por fazer com que eu tomasse uma atitude e lavasse a louça.
Por favor não me insultes, meu amor, mas aquele lindo serviço de jantar de porcelana da tua avó, já era... Eu realmente não contava com isso, afinal de contas parecia tão robusto e sólido! Bom, talvez eu tenha exagerado um bocadinho ao pôr o lava-louças no 'programa completo com centrifugação'... Aliás, a máquina de lavar roupa também se escangalhou. A faca de aço temperado que eu pus lá dentro, sem querer, estragou o cilindro durante a centrifugação, porque ficou presa na parede interna. Quanto ao cilindro, atravessou a parede de tijolos, fazendo um pequeno buraco, e foi aterrar no jardim.
Durante um dos almoços, sujei a carpete persa com molho de tomate. Sempre me disseste que as manchas do molho de tomate são impossíveis de tirar. Ficas a saber, meu amor, que com um bocadinho de aguarrás, sai tudo, mas mesmo tudo, inclusivamente, a lã e a seda da carpete.
O frigorífico estava a fazer muito gelo, por isso, tive que o descongelar. Tenho que te ensinar uma coisa: o gelo sai facilmente se o raspares com uma espátula de pedreiro! Só não sei é porque é que agora passou a aquecer... O iogurte, a água com gás e o champanhe, explodiram.
Sabes, querida, na passada quinta-feira, esqueci-me de, ao sair, fechar à chave a porta de casa. Alguém deve ter entrado, porque faltam algumas coisas de valor, entre elas, aquele colar de marfim que o teu bisavô trouxe da expedição a África, no século XIX. Mas, como tu costumas dizer, o dinheiro não dá felicidade, e tudo o que é material, é efémero. O teu guarda-vestidos também está vazio, mas penso que não devem ter levado muita coisa, já que, sempre que saímos, tu dizes que não tens nada que vestir...
Bom, vou ficar por aqui, mas amanhã conto-te mais coisas! Espero que te descontraias bastante no SPA e que gozes muito o teu descanso. Beijos mil, com muito amor, do teu Afonso que muito te ama!!!
P.S.: A tua mãe veio cá ver como estavam as coisas, e teve um enfarte. O velório foi ontem à tarde, mas eu preferi não te contar nada para não te estragar as férias e aborrecer-te desnecessariamente. Afinal de contas, tens que aproveitar as tuas férias e voltares muito descontraída do teu SPA.
Zé